O TRAVESSEIRO E A QUALIDADE DO SEU SONOPublicado em 05/06/2023 Quem acorda sem ânimo com aquela sensação de que o período na cama foi curto para se recupera de todo o cansaço, ignora uma peça-chave para a tão sonhada noite bem-dormida. Quando o assunto é qualidade do sono, essa peça-chave vira um mero acessório deixado de lado. Agora, se o pescoço amanhece duro, dolorido e travado, o travesseiro é logo acusado pelo mau jeito. Ele é uma peça essencial para você dormir profundamente e acordar revigorado. A atividade contínua que mais gasta tempo das 24h diárias do ser humano é o sono. Mesmo no trabalho, ninguém fica fazendo, sem interrupções, a mesma coisa. Logo, a exigência sobre o corpo é enorme. Pois, se dormiu bem, então, o corpo não foi exigido de maneira errada. Já que uma noite mal dormida é devido o corpo se movimentar em busca de uma nova postura para se acomodar e isso atrapalha o sono. Ainda, as posições desconfortáveis forçam músculos, articulações e nervos causando não só desconforto, mas pequenas lesões, dores, que com o tempo poderão levá-lo a problemas mais sérios. Tudo de uma maneira lenta, de um jeito que você não perceba cedo e queira corrigir as questões. O tempo passa é as coisas se tornam obrigatórias. Especialista em distúrbios do sono, a pneumologista Luciana Palombini analisou a relação entre descanso e travesseiro na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. "Se ele é inadequado, o repouso fica fragmentado e menos eficiente", garante a expert. "A pessoa pode nem sequer chegar ao estágio 4 e REM de sono mais profundo. E, se chega, muitas vezes elas duram menos do que o necessário", explica. O quarto estágio do sono, diga-se, é fundamental para a recuperação do desgaste físico, enquanto a fase REM é a dos sonhos, responsáveis em boa parte pela restauração da mente. As noites desperdiçadas entre os lençóis — por causa de um travesseiro errado ou não — provocam sonolência diurna. Isso para dizer o mínimo. "Há déficits de atenção, problemas de memória e de aprendizado e distúrbios de humor", acrescenta a médica Lia Rita Azeredo Bittencourt, professora sobre o tema na Unifesp. "Sem falar no maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabete, infecções e obesidade", complementa. Para o pneumologista Denis Martinez, da Universidade Federal de Porto Alegre, a ironia por trás dessas ameaças é que elas são causadas, basicamente, por uma descarga extra de adrenalina no dia-a-dia. É o preço que o organismo paga pela falta de descanso. "Por causa de substâncias assim, o indivíduo se adapta à situação. Deixa de perceber seu esgotamento e passa a acreditar piamente que dorme bem", diz ele. Para o médico, isso é motivo de sobra para prestar atenção em cada detalhe capaz de garantir bons sonhos. O travesseiro, agora se sabe, é um deles. Para a fisioterapeuta Silmara Rodrigues Bueno, que conduziu um estudo curioso no Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp. Ela convidava voluntários para passar uma noite no instituto ao seu lado e de outros pesquisadores. Detalhe: para pernoitar na instituição, todos tiveram de levar o travesseiro de casa embaixo do braço. Antes de afundar a cabeça nele e adormecer no quarto montado no laboratório, o participante era conectado ao equipamento de polissonografia que registrou para os cientistas, sempre em atenta vigília, detalhes da fisiologia do “dormidor”. "Diversos estudos já nos apontavam que 82,9% dos indivíduos não utilizam o travesseiro corretamente", diz Silmara, para quem essa constatação é de tirar o sono. Ao acordar, os voluntários recebiam da fisioterapeuta instruções sobre como corrigir sua postura na cama, conforme as observações feitas ao longo da madrugada. Depois saia do laboratório com um presente, um kit com dois travesseiros — um modelo para apoiar sua cabeça, escolhido de acordo com a estrutura física do paciente, e outro para ficar entre ou sob os joelhos. Ainda,recebia um convite de Silmara para voltar ao instituto da Unifesp dali a 40 dias para uma entrevista e mais uma noite com polissonografia — carregando, claro, os novos travesseiros. "Essas pessoas já têm um sono muito melhor", nota a fisioterapeuta. A ALTURA É MAIS IMPORTANTE DO QUE A MATÉRIA-PRIMAMacio ou firme, o material não interfere tanto na qualidade do repouso quanto a altura do travesseiro. Quando se pensa exclusivamente em sono, a altura é mais importante do que a matéria-prima. A fita métrica, portanto, deve ser usada antes de você sair às compras. Para quem dorme de lado — posição que é considerada a mais adequada — a altura da peça tem que ser igual à distância entre o pescoço e a parte externa do braço. Nem 1 centímetro a mais, nem 1 a menos seria o ideal. Já para quem dorme com a barriga para cima, o melhor é levar para a cama um travesseiro mais baixo do que isso para preencher o espaço entre a coluna cervical e a nuca sem comprimir a primeira. Mas atenção: é só um pouco mais baixo mesmo, porque a cabeça não pode ficar caída demais, especialmente se você ronca e sofre de apneia. "Ou poderá haver uma obstrução das vias aéreas, que só agravará o problema", alerta a reumatologista e especialista em sono Suely Roizenblatt. DE BRUÇOS, NUNCADormir de barriga para baixo é pedir para acordar cansado e todo dolorido. "Para que o rosto não fique afundado no travesseiro, o pescoço tem que fazer uma rotação de 90 graus, que força toda a região", descreve Silmara. "Além disso, a região torácica e a lombar são prejudicadas nessa postura." No mínimo, o travesseiro deve ser trocado a cada dois anos. Até porque, a cabeça solta muitas secreções que favorecem a proliferação de ácaros, bactérias e fungos. CONSIDERAÇÕES ANTES DE COMPRAR O SEU TRAVESSEIROO conforto é quesito importantíssimo e deve influir na sua escolha. No entanto, vale fazer algumas considerações antes de comprar o seu travesseiro. "Os de pena podem exalar um odor forte capaz de incomodar olfatos mais sensíveis", chama a atenção Suely Roizenblatt. Ela também aconselha dar preferência aos enchimentos que se deformam com menos facilidade. "É o caso do látex e da mola", exemplifica. O tamanho também conta — sim, precisa ser grande para não sair do lugar com qualquer movimento do seu corpo durante a noite. E não há jeito melhor para saber se um modelo é o mais apropriado para a sua cabeça, teste o travesseiro no local. "Se a loja tiver cama ou um sofá, deite e apoiando-se na peça que pretendem lhe vender", diz Silmara Bueno. E completa, "Nunca se esqueça, por melhor que seja essa primeira impressão, de conferir a altura”. Outra coisa, nada de comodismo, segundo os especialistas é possível educar seu corpo para que ele se acostume a dormir nas posições certas. Há dois estágios do sono: NREM ou não REM (Non Rapid Eye Movement ou "Movimento Não Rápido dos Olhos") corresponde a 75% de um ciclo e têm 04 fases e o REM (Rapid Eye Movement ou "Movimento Rápido dos Olhos"). Esses dois estágios formam ciclo, que são repetidos, porém em um sono normal (8 horas), difere se um dos outros inconfundivelmente de 04 a 05 vezes. Cada estágio do NREM (1, 2, 3, 4) e o REM são estágio fisiológico específico, cada pessoa tem ciclos do sono totalmente individuais. Esses ciclos do sono podem ser alterados por fatores como alimentação, atividade física, medicamentos, álcool, drogas, distúrbios do sono e privação de sono. Seu cérebro age de forma diferente em cada estágio. Em algumas etapas, seu corpo se movimenta, enquanto em outras, você permanece completamente imóvel. Algumas das etapas estão diretamente ligadas com a saúde de sua memória, concentração e até problemas com estresse.
*Mioclonia - Contrações musculares repentinas chamadas mioclonia positiva ou de um relaxamento muscular chamado mioclonia negativa.
Este estágio NREM do sono caracteriza-se pela secreção do hormônio do crescimento em grandes quantidades, promovendo a síntese proteica, o crescimento e reparação dos tecidos, inibindo, assim, o catabolismo. O sono NREM tem, pois, um papel anabólico, sendo essencialmente um período de conservação e recuperação de energia física. Sono REM - Caracteriza-se por uma intensa atividade registrada no eletroencefalograma (EEG) seguida por flacidez e paralisia funcional dos músculos esqueléticos. Nesta fase, a atividade cerebral é semelhante à do estado de vigília. Deste modo, o sono REM é também denominado por vários autores como sono paradoxal, podendo mesmo falar-se em estado dissociativo, ou seja, está em dois estágios ao mesmo tempo. Nesta fase do sono, a atividade onírica é intensa, com sonhos emocionalmente muito fortes. Nessa fase é feita a integração da atividade cotidiana, isto é, a separação do comum do importante. A fase representa 20 a 25% do tempo total de sono. É essencial para o bem-estar físico e psicológico do indivíduo. Clique aqui, encontre a Escola de Postura próxima de você e agende uma consulta. |
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Fonte: Autor: Prof. Francisco Miguel Pinto, Pinto. FM - Revista Escola de Postura, n.006. 2023
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