ESCOLA DE POSTURA E OS ESTUDOS SOBRE O SISTEMA LÍMBICO E A POSTURAPublicado em 31/03/2023 ESCOLA DE POSTURA E OS ESTUDOS SOBRE O SISTEMA LÍMBICO E A POSTURA
O sistema límbico, também conhecido como cérebro emocional, é um conjunto de estruturas localizado no cérebro de mamíferos, abaixo do córtex e responsável por todas as respostas emocionais. O nome "límbico" é derivado da ideia de limbo por se situar no limite de partes da neuroanatomia do cérebro entre o córtex e o cérebro reptiliano. Esse termo foi criado em 1878 pelo médico e anatomista francês Paul Broca. O Sistema Límbico é responsável pelo processamento de nossas emoções a nível bioquímico. E quando falamos em emoções, a cada uma delas podemos associar um tipo de postura corporal. E é por isso que existe uma combinação permanente entre este sistema e a nossa postura. Para exemplificar podemos citar uma pessoa que vive deprimida. Ela apresentará protrusão anterior dos ombros, andará de cabeça baixa e com os braços "pendurados". Já uma pessoa que viva alegre, extrovertida, tende a ter uma postura mais ereta, com os ombros alinhados à cabeça e esta levantada. Segundo Francisco Miguel, CEO da Escola de Postura Brasil e especialista em posturologia, o sistema límbico atua diretamente no monitoramento de todas as atividades do nosso corpo, possibilitando informações ao cérebro que permitem agir de forma constante e reguladora em diversos sistemas em nosso corpo. A maioria das pessoas já sofreu perdas ou já enfrentou situações diversas com emoções boas ou ruins e muitas das vezes estressantes na vida. Mas o que poucas pessoas sabem é que esses eventos podem refletir diretamente na postura que tem uma ligação direta entre emoções, traumas e o funcionamento do organismo. Sem aprofundar nas demais regiões do cérebro, o cerebelo representa somente um oitavo do peso total do cérebro, coordena as instruções para o controle motor e para manter o equilíbrio e a postura corporal. Também desempenha importante papel em algumas formas de aprendizado motor. Desta forma, uma lesão no cerebelo resulta na falta de coordenação dos movimentos. O cerebelo exerce seu controle motor de momento a momento. Ele utiliza a informação de várias origens e processa os dados sobre a posição do corpo, comprimento do músculo e tensão muscular. O cerebelo não é, portanto, somente o iniciador dos movimentos, mas um local para a reorganização e refinamento das instruções para os movimentos. Há evidências também de que o cerebelo possa armazenar uma sequência de instruções para movimentos realizados frequentemente e movimentos repetitivos. Ainda de acordo com Dr. Francisco Miguel, podemos concluir que o corpo humano está pronto para adaptar-se, defender-se e autocorrigir o seu funcionamento em caso de agressões traumáticas, emocionais, tóxicas, virais, ou do meio ambiente. E é o sistema límbico que registra essas situações e passa para o sistema nervoso central que imediatamente reage com uma postura muscular aumentando a tensão em alguma parte do corpo. Caso não seja tratada, esta região passa a ficar dolorida e a interferir em outras por desencadeamento, causando desta forma uma alteração postural. Um exemplo clássico é a pessoa que inicia o processo de depressão e os amigos começam a perceber que suas atitudes estão mudando, pois antes era alegre, positiva e com uma postura erguida e confiante, porém, com o agravamento do quadro clínico acaba ficando com o corpo mais curvado e com uma expressão mais triste. Esta é a resposta do corpo. O tratamento é uma intervenção multiprofissional para atendimento eficaz. Algumas Patologias do Sistema Límbico Conheça alguns estados patológicos que mantém relação com estruturas límbicas, dando ênfase a algumas pesquisas recentes:
Raiva: Virose fatal do sistema nervoso. Só pode ser distinguida das outras encefalites a vírus quando se encontram os corpúsculos patognomônicos de Negri; em todos os animais, inclusive no homem, eles são encontrados em maior número no corpo de Ammon do hipocampo, e em menor proporção nas células piramidais do córtex cerebral, células de Purkinje do cerebelo e núcleos dos gânglios basais. A sintomatologia é variada: entre outros sinais, ocorrem episódios de temor infundado e raiva alternados com períodos de depressão profunda, agitação crescente; pode haver comprometimento do sistema nervoso autônomo, sinal de Babinski e rigidez da nuca, alucinações visuais e auditivas e, o sinal mais característico da doença, as dolorosas e intensas contrações dos músculos faríngeos. Enfartes em Territórios de Artérias Cerebrais: a) Cerebral Anterior: Pode ocorrer perda de memória e distúrbio mental. b) Cerebral Posterior: No território periférico, pode ocorrer defeito de memória, por lesão hipocampal bilateral ou só no lado dominante, ou por comprometimento do sistema hipocampal em outro nível (corpos mamilares, psalterium, etc.). Doença de Alzheimer: Doença em que ocorre a perda gradual da memória recente, com completa deterioração de todas as funções psíquicas, com amnésia total. Dois fatores podem estar ligados aos problemas de memória: além da degeneração dos neurônios colinérgicos do núcleo basal de Meynert, que leva a perda das fibras colinérgi cas que exercem ação moduladora sobre a atividade dos neurônios do sistema límbico e do neocórtex relacionados com a memória, existe outro fator provavelmente mais importante. Este, descoberto recentemente, diz respeito à degeneração de dois grupos de neurônios do sistema límbico. Um deles localiza-se no hipocampo, nas áreas que dão origem as suas principais fibras eferentes; o outro está na área entorrinal, no giro para-hipocampal, que constitui a porta de entrada das vias que, do neocórtex, se dirigem a esse giro e daí ao hipocampo. Assim, essas lesões gradualmente levam a um total isolamento do hipocampo, com conseqüências sobre a memória equivalentes às de uma ablação do hipocampo (quadro moderado de amnésia). É importante destacar que a amnésia anterógrada (incapacidade de memorizar eventos ou informações surgidas após a remoção) só aparece se, além do hipocampo, for lesado também o corpo amigdalóide simultaneamente.
Síndrome de Korsakoff: Ocorre devido à degeneração dos corpos mamilares, causada por alcoolismo crônico. A amnésia anterógrada é o sinal clínico de maior relevância. Desordem Obsessivo-Compulsiva: H.C. Breiter e colaboradores (l996), em um estudo de dez pacientes com desordem obsessivo-compulsiva, comparados com 5 sujeitos normais, através da ressonância magnética, demonstraram que certas regiões cerebrais de 70% dos pacientes com a desordem possuíam ativação, ausente nos indivíduos normais. Essas regiões foram: parte medial da região orbital do lobo frontal, parte anterior do lobo temporal, parte anterior do giro do cíngulo, córtex da ínsula, corpo caudado, núcleo lentiforme e amígdala. A conclusão foi que os resultados através da imagem por ressonância foram consistentes com estudos passados da desordem obsessivo-compulsiva, que usaram outras modalidades de neuroimagem. De qualquer modo, as ativações paralímbicas e límbicas foram mais proeminentes no estudo. Autismo: Síndrome com etiologia múltipla, o autismo encerra mecanismos obscuros. Existe uma patologia neuroanatômica para todos os casos de autismo, ou o comportamento autista pode emergir de diferentes sequências patológicas cerebrais? Embora seja prematuro generalizar, os estudos neuropatológicos parecem ter identificado anormalidades comuns no cerebelo e no sistema límbico de cinco autistas, de acordo com Lotspeich e Cianarello (l993). Os pacientes autistas apresentaram, além de problemas no cerebelo, um “packing” ( tamponamento ) neuronal aumentado em regiões específicas do sistema límbico, amígdala e hipocampo. De acordo com os autores, tais alterações poderiam razoavelmente produzir comportamentos do autismo. Esquizofrenia: Em um estudo recente (l993), Lostra e Biver resumiram os mais interessantes dados obtidos em esquizofrenia. Eles avaliaram os dois principais processos fisiopatológicos envolvidos nesta desordem, ou seja, modificações na anatomia das estruturas límbicas e distúrbios químicos de neurotransmissores. Outro estudo, realizado por Nasrallah (l994), sugere fortemente um decréscimo no volume do hipocampo e de outras estruturas límbicas e temporais, na esquizofrenia (hipocampo e amígdala). Alterações bioquímicas no metabolismo do N-acetil aspartato na esquizofrenia pode ser uma explicação alternativa, já que o N-acetil aspartato é encontrado principalmente em neurônios. Os achados foram consistentes com outros estudos que constataram hipoplasias de estruturas têmporo-límbicas.
Outras hipóteses sobre a etiologia da esquizofrenia apontam para possíveis defeitos na função de filtro, localizada no tálamo. Isto explicaria porque o paciente esquizofrênico não pode se proteger de vários bombardeamentos de estímulos. Isto leva a um a deficiência no processamento da informação. As disfunções das estruturas têmporo-límbicas seriam explicadas por problemas na embriogênese.
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Fonte: Autor: Prof. Francisco Miguel Pinto, Pinto. FM - Revista Escola de Postura, nº 23. Ano:2023
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